Soneto do poeta morto Ou Uma noite sem perspectivas

O poeta morto não escreve
Só se queixa, se remói por dentro
Tem alguma inspiração breve
Que rápida some com o vento

Escrever, não escreve; faz só
Seus exercícios de produção
Removendo dos cantos o pó
Tirando sentido da ação

O poeta morto vive sem
Ter qualquer motivo para tanto
Das palavras é mais um refém

Mudo, reconhece (por enquanto)
Que vive sim; seguindo absorto
Indiferente, como um morto

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