cemitério

I

no cemitério
de poetas
(o jardim dos poetas
desconhecidos)
o fantasma do poema
perdido
descansa temores
pinta odores
e gasta o tempo
contando
gotas

escuta
o temporal
(a tempestade astral)
distante de tudo
que inerte promete
um propósito
mudo

rodeia
um sentimento
um sentir
cada momento
esquecimento

II

notem
este poeta
morte o aguarda
no portão
em vida tão taciturno
padeceu de aliteração

no quarto
estreito
despido
de sentido

não entende
o texto
deste teatro
falta concordância
entre o gato
e o retrato

nada dizer
instinto de despertar
segredo de entardecer

III

até que descansem
enterrados
apagados
juntos

Macapá
Setembro de 2011

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